Chronicles

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Na praia do ouvidor - SC

terça-feira, 26 de maio de 2015

Pirenópolis - GO 1- A cidade

A primeira vez que ouvi falar de Pirenópolis - GO foi numa revista da Azul linha Aéreas, com uma reportagem sobre uma pousada chamada Cavaleiro dos Pirineus. Achei a pousada fantástica pelas fotos. 
Aos poucos fui me inteirando de como era a cidade e suas atrações. Descobri que era uma área com muitas cachoeiras e um dos maiores destinos para mountain-bike no planalto central. Existia também um museu chamado Museu Rodas do Tempo com mais de 100 bicicletas e mesmo número de motocicletas. Por fim poucas semanas antes de ir achei as referências sobre a "Cidade de Pedra".
Acabei por programar minha viagem aproveitando uma ida a Brasília à trabalho. Iria na sexta-feira 15 de maio de 2015 e retornaria dia 17 de maio. Aluguei um carro em Brasília para facilitar meu deslocamento e o aproveitei na viagem. A distância a percorrer seria de 146 km.
No meu modelo de viagem sozinho, fiz contato com uma pousada não tão charmosa, já que nesta situação não me interessaria muita coisa, apenas um quarto confortável no fim dos passeios. Escolhi a Pousada Aconchego dos Pirineus, aparentemente teria o que precisava por um preço adequado. Procuraria um guia para a Cidade de Pedra quando chegasse a cidade uma vez que não havia nenhuma indicação nos sites que pesquisei.
As 13 h de 15 de maio saí de Brasília conforme planejado e tomei a estrada para Pirenópolis. A estrada é boa sem grandes problemas, passando por Cocalzinho de Goiás e Corumbá de Goiás.



Uma dica aqui é prestar atenção pois na estrada existe uma cachoeira chamada Salto Corumbá, mais visível no sentido Pirenópolis-Cocalzinho.

Salto Corumbá
Existe uma parada com um bar de onde pode-se observá-lo. Segundo ouvi existe uma queda inferior que foi feita por uma firma de garimpo.
Chegando a Pirenópolis logo se vê um local para orientação a turistas no próprio portal da cidade. Lá consegui um mapa das atrações da cidade e indicação de guias.
Fui para a pousada e fiz o check-in. Lugar rústico com um quarto confortável porém desprovido de luxo (fica a referência para o colchão com programas de massagem, o que aproveitei bem depois dos passeios). Compensando esta falta de luxo, os donos foram de uma simpatia e cuidado sem igual, me deixando totalmente a vontade. Acabei por descobrir que a pousada era um negócio familiar e eles estavam melhorando os itens dos quartos. A pousada ficava fora do centro o que pode-se dizer que era uma desvantagem devido ao deslocamento necessário para os restaurantes, porém muito mais silenciosa.





A partir daí comecei a tentar combinar a ida a Cidade de pedra, que era meu principal objetivo. A primeira agência que contactei não foi adequada. A responsável me desestimulou a ir com o carro, dizendo que este não passaria pela estrada e que os guias não gostavam de levar apenas uma pessoa por "questões de segurança", se acontecesse algo com o guiado haveria dificuldades. Pedi para verificar a possibilidade de obter transporte e deixei telefone para contato. Chateado com os impecílios colocados liguei para outro guia, chamado Cristiano. Ele não colocou nenhum impecílio, mas disse que talvez tivéssemos que aumentar a caminhada devido ao carro ficar mais distante. Quanto a questão de eu estar sozinho, disse a ele que estava "acostumado "a caminhadas e não teria problemas comigo. A previsão de caminhada seria de 10 km sem estruturas de apoio. A Cidade de Pedra ficava há 50 km do trevo de Pirenópolis.
Ao final da tarde fui para a cidade para reabastecer o carro e comprar água mineral e o lanche de trilha. Aqui fica uma observação e dica. A maioria dos postos de Pirenópolis não estava aceitando cartões de crédito. O posto que encontrei que aceitava esta forma de pagamento era no trevo de entrada da cidade, chamado Posto Sauro. Lá também comprei água e mantimentos.
Segui para a cidade para fazer fotos e jantar. Minha impressão inicial de Pirenópolis foi de uma cidade muito feia em sua parte alta onde se concentra o comércio ligado a vida vegetativa da cidade, mas a medida que vamos chegando ao centro histórico próximo ao rio das almas, que corta a cidade, ela fica muito bonita. Ruas de pedra, várias igrejas e velhos casarões muito bem tratados compõe um belo visual.
Inúmeras lojas de artesanato, produtos do cerrado e antiquários lado a lado pelas ruas. Fui até a margem do Rio das Almas para ver as pontes que tinha achado bonitas no centro de informações.






Ponte nova

O rio da almas sob a ponte nova

Ponte pênsil


Em seguida cheguei a rua do Rosário com seus restaurantes cujas mesas invadem a rua (o trânsito de carros é proibido). 
Rua do Rosário

Fiz mais algumas fotos do centro e de igrejas e fui escolher um restaurante para jantar. 

Igreja Matriz Na. Sra. do Rosário



Já estava escurecendo  e todos colocam velas nas mesas externas criando um bonito efeito.

A rua vista de uma das mesas externas do Aravinda

Escolhi o Aravinda restaurante. Apesar de ficar nas mesas externas ouvi a música ao vivo de seu interior. Comi um filé acompanhado por um vinho. 
Depois do jantar dei uma volta pela cidade. Me chamou a atenção uma loja especializada em castiçais e luminárias de vidro, também com exposição na rua.

Voltei a pousada e fui dormir. Tinha combinado de encontrar o guia as 8:00 h no portal da cidade.

Devido a grande quantidade de detalhes dos passeios e da cidade encerrarei esta postagem por aqui para que não fique muito longa e iniciarei outras com o ocorrido nos dias subsequentes.





sábado, 2 de maio de 2015

Salto do Yucumã - RS

A viagem ao Salto do Yucumã era um sonho antigo, para a qual eu já tinha feito pelo menos 3 planejamentos.Acabei fazendo a viagem em 19 de abril de 2013.
Localizado no rio Uruguai ao noroeste do RS, bem próximo a divisa com SC, na fronteira entre Brasil e Argentina o Salto do Yucumã é considerado o maior salto longitudinal do mundo.
O planejamento neste caso era fundamental. Devido a distância não seria uma incursão (bate e volta), seria necessário permanecer na região outro fator a ser levado em consideração é a época a se visitar o Salto. Para se apreciar totalmente sua magnitude é necessário o rio estar baixo. Nas informações que levantei indicavam a melhor época para se conhecer o Salto, na seca, entre novembro e março mas não se explicava o por que.
Sobre o planejamento, o Salto fica próximo a duas cidades Tenente Portela - RS e Derrubadas - RS. Das duas Tenente Portela aparentemente oferecia melhor estrutura. Em Derrubadas só existia um Camping e em Tenente Portela um hotel chamado Aracê.
Na época consegui pouca informação sobre o Parque Estadual do Turvo onde se localiza o Salto. Então não sabia quais as distâncias a serem percorridas e quanto tempo levaria.
Estes fatos me levaram a pedir a nutricionista do Hospital de Guarnição de Santa Maria, o qual eu dirigia na época, Dra. Tiffany Hautrive a desenvolver um cardápio para uma trilha longa inspirado na preparação descrita no livro Cem dias entre céu e mar de Amyr Klink. Ela preparou conforme refeição e com o número de calorias baseado no que encontraria no comércio local. Quando embalei e etiquetei cada refeição fiquei surpreso com o pequeno volume de cada uma.
Em seguida o roteiro da viagem. Tomaria a estrada de Santa Maria em direção a Cruz Alta, Panambi  e Palmeira das Missões, pela BR-158. De Palmeira das Missões pegando à esquerda na RS-330 em direção a Dois irmãos da Missões, Miraguai e finalmente Tenente Portela, num total de 315 km.


Entre Palmeira da Missões e Miraguai existe um trecho de aproximadamente 20 km de terra passando por Dois Irmãos das Missões, único ponto para reabastecimento entre Palmeira e Miraguai. Apesar de ser de terra a estrada é boa e tem paisagens fantásticas, como pontes e campos de girassóis. Depois de  voltar ao asfalto, esta estrada passa pelo meio de uma aldeia indígena.






Chegando a Tenente Portela fui logo para o Hotel deixar minha bagagem. O hotel é simples, ornamentado com motivos indígenas, mas bem confortável e principalmente com funcionários bastante simpáticos. Jantei na cidade e dormi cedo para ir para o salto cedo.
Após o café fiz o meu check-out e peguei a estrada para Derrubadas e o Parque Estadual do Turvo. Estrada bonita com muita neblina devido a evaporação sobre o rio Uruguai.



Derrubadas me impressionou muito bem, pelo menos por onde passei, muito limpa e bem cuidada, questionei se deveria ter ficado mesmo em Tenente Portela.
O Parque extremamente bem tratado, com funcionários muito simpáticos (terceirizados) dando orientações precisas.








Da entrada segue-se por uma estrada de terra até uma clareira que apresenta as facilidades do parque, banheiros e uma área com mesas, não há uma cantina ou venda de água e alimentos.
Na estrada vi as primeiras aves de rapina que são bem comuns no parque (não havia referência a isso mas o Yucumã é um ponto excelente para fotografia de aves de rapina, com algumas espécies raras).

Não reconheci a espécie. Achei a foto na neblina bem legal,
mas deu trabalho para chegar perto dele




Da clareira segue-se a pé por um trilha de aproximadamente 1 km até o rio. Aí houve a decepção. Existem duas hidroelétricas acima no rio em SC e a noite elas sagram um grande volume de água o que fora da época da seca leva a submersão do salto que deveria te 18 metros de queda e o Uruguai sai de sua calha inundando as margens.
O Uruguai cheio tomando as margens e o salto totalmente submerso
Restou esperar que as águas baixassem durante o dia. Fiquei conversando com um guarda do Parque que me explicou as razões de isto acontecer e me indicou mais duas trilhas, sendo que uma quis me acompanhar pois havia encontrado vestígios da passagem de uma onça na semana anterior. Nesta trilha existe uma pequena cachoeira.




E mais uma queda acima desta

A outra trilha levava a uma margem do Uruguai onde se vê a grande curva do rio antes do salto.
De resto passei o dia no carro lendo e comendo as refeições preparadas esperando que as águas descessem. A diminuição de nível do Uruguai ocorreu de forma lenta e ao final do dia o salto devia estar com uns 2 a 3 metros de altura. Um fato curioso que ocorre quando as águas baixam é a quantidade de borboletas que se juntam, buscando os sais deixados nas pedras e na vegetação.
Ao fim da tarde estava com as calças arregaçadas e descalço andando pelas barrancas do Uruguai. Tentando chegar o mais próximo da calha original do rio.


Minhas fotos ficaram prejudicadas por isso, mas ainda conseguem mostrar a extensão do salto.











Ao final do dia fiz alguns pequenos videos para mostrar a extensão do salto.




Fiquei quase até o fechamento do parque, decidido a voltar ao hotel e retornar a Santa Maria no domingo.
Fui imediatamente bem recebido de volta no Aracê e a noite fui novamente a cidade jantar.
No dia seguinte peguei a estrada para Santa Maria, existe uma dificuldade de reabastecimento no domingo de manhã em Tenente Portela. Muitos postos fechados, consegui encher o tanque de meu carro num posto em uma estrada próxima. Daí o caminho inverso para casa.

Algumas dicas para este roteiro: 
Embora esta viagem tenha deixado a desejar do ponto de vista turístico. Foi de extrema importância sobre as lições aprendidas.
Por mais que tenha lido sobre o Salto, em nenhum lugar foi mencionado a ação das hidro-elétricas acima deste. Portanto a pesquisa de experiências anteriores é fundamental.
Mudei alguns conceitos sobre como me preparar para uma situação destas. Estava certo em levar alimentação e água mas muita coisa mudou em meu equipamento a partir daí.

Água e alimentação são fundamentais já que existe dificuldade em se obter no parque.
Filtro solar nem precisava falar.
A tarde é o melhor horário para se ver o Salto, evitando a sangria da hidro-elétricas. Procurem ir na época da seca!
O camping de Derrubadas parece ter uma boa estrutura, inclusive com chalés, embora o Aracê tenha sido muito bom como ponto de apoio, com restaurantes próximos.
Atenção para a questão combustível.

Informações de contato:
Hotel Aracê - Tenente Portela - RS
Balneário Parque das Fontes - Derrubadas - RS